24.6.10

A Volta ao Mundo em Atlas, parte 03

- Vovô! – gritou Liliana, correndo na direção de seu avô.
- Quem é você? – perguntou o velho, ainda bravo com os possíveis “invasores”.
- Sou eu, vovô, a Liliana! – disse a menina.
- Vovô, não se lembra de nós? – perguntou Sophia.
- Ah, você é a Liliana? Da última vez que te vi, eras um bebê. – disse Ludovico. – E vocês dois eram pequenas crianças.
- É, nós crescemos… – disse Sophia.

Henry não deu muita atenção ao velho. Estava mais interessado em subir no balão.

- Ei garoto! O que fazes aí? Saia já daí! – disse Ludovico, indo na direção de Henry.
- Calma, vovô. O Henry só gostou do seu balão. – disse Sophia, tentanto protejer o menino.
- Pois bem. Não quero saber de vocês aprontando cm meu balão! Nem você, Henry. Fiquemj sabendo que levei muito tempo para construí-lo e se fizerem algo com ele. mando vocês de volta para sua mãe.
- Esrá bem, vovô. Prometemos que não faremos nada com seu balão, não é, Henry? – disse Liliana.
- Esta bem… – disse o menino, em tom de decepção.

O velho levou as crianças para dentro da casa. Era um casarão antigo e cinzento. Subiram as escadas, cujos degrais rangiam de velhice. No andar de cima, Ludovico mostrou a seus netos em que quartos ficariam. Sophie e Liliana ficaram com um quarto de duas camas e um guarda-roupa antigo. A Henry restou um quarto pequeno, com apenas uma cama e um baú. Mas para o garoto, estava perfeito, pois a única janela do quarto mostrava extamente a vista do balão, imponente no meio do jardim.

Henry desfez suas malas, guardando seus pertences no baú, mas não parava de olhar para o balão. Aquela obra colorida, realmente chamava a atenção em meio ao cenário monocromático e triste da propriedade.

Mais tarde, Sophie e Liliana entraram no quarto para ver se o garoto já estava bem instalado.

- Você não esquece esse balão, não é mesmo? – perguntou Sophia.
- Não. Algo me diz que um dia voarei dentro dele. Só espero que esse dia não demore muito para chegar.
- Mas Henry, o vovô pediu para termos cuidado com o balão. – disse Liliana, preocupada.
- Não se preocupe. Eu cuidarei desse balão.

Ao anoitecer, Ludovico gritou pelos três netos, pois estava na hora do jantar. Ao descerem a velha escadaria, sentiram cheiro da comida que o velho preparára. Era uma espécie de sopa. Não muito apetitosa…

Henry viu aquilo em seu prato e realmente se arrependeu de ter ido passar as férias ali. Era uma sopa meio gosmenta e numa cor um tanto… Não poderei descrever de tão estranha que era.

Sophia tentava agradar seu avô, elogiando a sopa, enquanto Liliana simplesmente tentava comer.

- É bom gostarem disso, pois é isso que comeram nas próximas semanas de férias. – disse Ludovico, sem nem tirar os olhos do prato.
- É bom, vovô… – disse Sophie, tentanto elogiá-lo.

Após o jantar, os netos subiram até o quarto das meninas.

- Sophia, como você conseguiu comer aquilo? – perguntou Henry.
- Ah, meu irmão, você tem que aprender a ser mais discreto. Veja Liliana, ela não reclamou de nada.
- Só por que o vovô estava olhando… – disse a irmã caçula.

Ah, não importa. – disse Sophia. – Sabem de uma coisa? Acho que já está na hora de dormirmos. Aconteceu muita coisa hoje. Boa noite, irmãos.

Sophia foi para sua cama, Liliana também. Henry foi para seu quarto. Ao deitar-se, não conseguia dormir. Pensava, pensava e pensava tanto que seus olhos não se fechavam por mais de 2 minutos.

Levantou-se, foi para a janela, abriu as cortinas e lá estava o balão, perdido, no meio da noite escura.

- Ah… Um dia, eu e você voaremos por este céu e conheceremos muitos lugares novos…

Continua…

Sempre Nunca

Nunca mais
Nunca mais
Nunca mais
Nunca mais
Nunca mais
E assim sempre será.

Sem mais erros para cometer e corações para destruir.
Sem lágrimas para perder e câmeras digitais para sorrir.
Sem mais dinheiro para ver, sem mais frio para sentir.
Nunca mais verá uma fila de fast food gigante
Ou dividirá um guarda-chuva rosa,
Nem passará por uma situação preocupante
Como bem uma preciosa.

Para um corpo precipitado,
O outro estagnado
Vai passar.
A areia soprar.
Vamos voar.

Seus corações não são de metal, seus idiotas.

17.6.10

Tatuagem

Caminho com dificuldade, admito, e essa admição que me iluminou. Mãos estranhas me puxam, e meus passos percorrem um zigue-zague. Desvios que meu cérebro não entende e meus pés obedecem.
Então olhos fechados me observam, escuros me cegam, e posso sentir a luz fria soprando em meu rosto.
As mesmas mãos estranhas me sobem, puxando-me pelos pulsos vermelhos, vermelhos do sangue que conta uma história de maravilhas.
Me apego pois é quente e confortável, mas o gelo queima no abandono e meus lábios racham e se abrem no grito negro que rompe minhas bochechas e artérias sob o meu pescoço.
Mas quando penso que acabou, encontro um rosto conhecido, que mudou com um inozado sorriso. Conhecido no meu espelho passado que me mostrava o presente. O de estar viva.
Aí o estalo, e reconheço uma daquelas que me puxava, me queimando confortavelmente. Opaca e intensamente me segando para mais uma vez tatear a tatuagem de sua pele repuxada e ruborizada.

6.6.10

A Volta ao Mundo em Atlas, parte 02

Umas semanas após receber a carta de Beatriz, Ludovica se preparava para receber seus três netos. Na casa não havia empregado algum, por isso o velho teve de arrumar tudo sozinho, o que o irritara bastante, já que queria construir seu balão.

Finalmente a três crianças chegaram. Vieram com a ajuda de um carroceiro que morava por ali perto. Eram eles Sophia, de 16, Henry, de 13, e Liliana, de 10 anos. Eles vinham observando a beleza da paisagem. Uma grande floresta cercava a propriedade de Ludovico, dando um ar misterioso e fantástico ao lugar.

- Sophia, já estamos chegando? – perguntou “Lili”.
- Acho que sim. Já faz dez anos que não venho aqui… Mas sabe de uma coisa? Acho que nada mudou.

O carroceiro parou diante dos portões da propriedade, enferrujados e com plantas combrindo-o.

- É aqui que ficam. Boa sorte com o velho Ludovico! – disse o carroceiro, num tom de preocupação. Fez meia volta com o cavalo e voltou pelo mesmo caminho.
- É aqui? Não lembro de nada. – disse Henry, que visitára a casa pela última vez aos 3 anos.
- Vamos entrando? – disse Sophia, empurrando um dos portões, que rangia muito, apesar de não se mexer.

As três crinças ficaram paradas diante do portão, sem ter muito o que fazer. Quando Henry teve uma idéia.

- Já sei! Olhem como aquela parte do muro é baixa! Vamos pular!
- Calma Henry. Lembre-se que mamãe pediu para você não aprontar aqui na casa do nosso avô. – disse Sophia.
- Você pensa que manda em mim, mas não é minha mãe! – reclamou Henry, indo na direção do muro.
- Henry! Pare com isso ou o vovô não vai gostar! – disse Liliana.
- Ele já não gosta de nós, esqueceu? – respondeu o garoto, já sobre o muro.

Restaram às suas duas irmãs segui-lo, entrando na propriedade da pior maneira.

- Isso é invasão. Vamos voltar e esperar no portão. – disse Sophie.
- É a casa do nosso avô. Estamos em família! – disse Henry, que já saiu correndo pelo jardim.
- Me espere! – disse Liliana, já saindo correndo atrás de seu irmão.

Sophie ficou para traz, carregando as sacolas e malas dos três, andando calmamente.

Os dois mais novos correram até cansar, quando Lili se deparou com algo muito grande que havia atráz da casa – o balão.

- Henry, olhe isso! – disse ela, apontando para a “coisa” colorida.
- Sophie, venha ver isso! – disse Henry, chamando sua irmã.

Sophie foi até onde seus irmãos a chamavam, e também levou um susto com a figura que ali estava. O balão, grande, redondo e colorido, constratava com tudo ao seu redor – portões enferrujados, jardim mal cuidado e uma casa velha e cinzenta.

- Será que isso é do vovô? – perguntou Lili.
- O que vocês querem aqui, seus moleques? – disse uma voz rouca e irritada.

Continua...