Ela sentia calor em seu corpo, como se estivesse repousando ao sol da tarde ou sendo coberta por um cobertor de que repousou um dia inteiro no sol. Abriu vagarosamente seus olhos, estava deitada para cima. Olhou para o teto de palha que tinham uns poucos raios de luz atravessando-o. Era uma maloca bem rústica de palha. Pensou que nem nos mundos mais inexplorados havia lugar tão caído quanto aquele.Levantou-se, e observou tudo a sua volta. Percebeu que do lado de fora havia mata, ouvia gritos de crianças brincando.
Alguém lhe chama pelo lado de fora, não era seu verdadeiro nome, mas sentia que era para ela. Levantou – se e andou até a porta da rústica para espiar quem estava gritando. Ao colocar seu rosto para fora, deu de cara com um jovem, talvez da mesma idade que ela, cabelos longo e escarlate fraco como cor, tinha a pele bronzeada, olhos esverdeados e usava roupas indígenas, assim como belas tatuagens onduladas nos braços. Rapidamente eles se deram um pulo para trás de susto e, talvez, de vergonha. Ele a olhava fixamente em seus olhos:
- Taní, O que está fazendo?
- Eu, er... bem...é que...- Estava sem jeito, é claro, mas logo tomou coragem – Eu conheço você?- Olhou com um olhar forte e determinação.
Ao contrário dela, ele estava um pouco confuso e parecia até um pouco receoso, e se limitou nas palavras:
- Taní, sou eu, Ipu. Você voltou para nós. O maligno deus terra levou você no dia da fúria, mas o deus Sol a trouxe de volta, com ele prometeu. –Ele abriu um sorriso meio que tímido – Você voltou para mim...você não se lembra?
- Espera, tem algum engano, eu não sou essa tal de taní. –Ela foi logo se exaltando – tem algum erro aqui. Eu nunca te vi na minha vida! Onde eu estou???Como eu vim parar aqui?? – Ela de tão exaltada começou a chamar a atenção pelos gritos e estrondos que os outros indígenas olhavam curiosos para a maloca que estavam. – Tenho que voltar pra casa!!
Apesar da tremenda confusão, Ipu era toda tranquilidade e tomou a mão dela e a segurou bem forte:
- O velho Irion sabia que isso poderia ocorrer. Ele me pediu para ver como você reagiria e se caso isso ocorresse. Será melhor falarmos com ele. – Ele a olhou em tom forte que ela quase se perdeu naquele olhar. Ela realmente se perguntou se não havia algum engano...
Ambos saíram da maloca e Taní logo ficou maravilhada com a paisagem: Havia varias malocas por perto; crianças correndo e subindo nas árvores baixas; Homens disputando quem era mais forte com brigas e mulheres olhando com olhar de desdém à brincadeira dos homens enquanto teciam o que parecia ser umas redes e velhos sentados em uma roda à entrada da maloca fumando uma espécie de cachimbo. Uma tribo Indígena! Mas, o que mais lhe surpreendia era o céu. Não havia céu, só as arvores que de tão densas passavam – se poucos raios de luz. Os raios ao tocarem nas árvores irradiavam a cor verde-esmeralda por todo lado. Tudo estava pintado de verde...
Taní estava tão distraída que nem percebeu que um velho havia se aproximado deles. Usava uma bengala que não disfarçava a corcunda que tinha adquirido com o tempo; possuía o cabelo na cor púrpura viva e linha de expressão no rosto que condenavam a sua idade; Estava carregando em sua mão uma tigela de barro que continha água e falou em tom serenamente:
- Bom dia Ipu... – e voltando-se Taní – Ah! E um bom dia para você também, seja lá quem você for. – O velho abriu um largo sorriso.
Taní olhou para ele espantada, com se tivesse sido descoberta após um crime. Sentiu-se com uma intrusa. Ipu ao vê-la neste estado, indagou:
- Irion, do que você está falando? Essa aqui é a Taní. – Ipu estava agora confuso. – Ela não se lembra de muitas coisas...
- Está enganado, meu jovem. – Irion retrucou e voltando - se novamente para Taní - Diga, minha jovem, quem você vê aqui. – Irion mostrou para ela a tigela com água. Ao observar, seus olhos arregalaram de tanto espanto. Olhou para si e não se reconhecia.
- Que corpo é esse...essa não sou eu...não é eu!!! Nem ela e nem Ipu estavam entendendo a situação.
--- Fim do capitulo 1 ---
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