5.1.10

A trágica história dos caramujos assassinos

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Numa bela manhã ensolarada, eu, meu irmão e meu pai fomos à pet shop. Chegando lá, havia uma variedade de animais: filhotes de cães, gatos, hamsters, pássaros, coelhos, chinchilas, preás... Mas o nosso alvo eram os peixes. Não que peixes sejam animais melhores. Eu, particularmente, os acho entediantes. E não deve ser divertido passar toda a sua vida boiando num pequeno recipiente de vidro. Porém, o custo de criação é excepcionalmente menor.

Paramos em frente ao aquário. Peixes de todas as cores, formas e tamanhos. Infelizmente eram muito caros, os coloridos. É claro, compramos os mais sem-graça de todos. Eram um par, mas nunca cheguei a saber se eram um casal ou não. Meio beges, com uma fina listra horizontal azul. Não se moviam muito, não brincavam, faziam nada (trocadilho infâme, desculpem).

Mas no aquário, também havia alguns caramujos, redondos, gordos, do tamanho de bolas de ping pong. Alguém deu a idéia de comprar dois daqueles malditinhos.

Levamos os quatro pra casa, colocamos num aquário pequeno, arredondado. E ficaram lá... fazendo nada. Os alimentávamos com uma ração em formato de bolinhas, avermelhada, com cheiro de... peixe. Um erro.

Talvez aquela ração não fosse uma boa idéia. Transformou os caramujos em mutantes. Eles eram deveras espertos para animais com fama de lentos. Conseguiam abocanhar - com o quê eu não sei - tantas bolinhas quanto os peixes.

Tudo corria bem embaixo da calma e não tão cristalina água do aquário. Peixes nadavam e moluscos se arrastavam nojentamente. Até o fatídico dia.

Um dos peixes jazia encostado no fundo do aquário, murcho e branco. Quando tentávamos descobrir o que havia acontecido ao pobrezinho, fomos expostos à chocante cena:

Um caramujo se agarrou ao lado do corpo do peixe sobrevivente e começou a sugar todas as suas vísceras com o estranho orifício que fazia as vezes de boca. Logo, o parceiro do vil molusco se prendeu ao outro lado do animal, que encurralado, viu seu destino sendo selado pelas terríveis sanguessugas.

Em poucos segundos a vida do infeliz animal foi tirada, em meio à dor e à agonia. Só restava a casca dos dois pobres peixes.

É claro que isso não podia ficar assim. Meu irmão, possuído pela raiva, atirou os dois assassinos pela janela do 2º andar. E explodiram no cimento, deixando para trás um aquário vazio e seus cadáveres gosmentos no quintal da minha vó.



[Baseado em fatos verídicos]

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