21.2.10

# 06 - Máscaras

S.I.. “Que besteira”, pensou ele. Não sabia porque acabou usando esta identidade secreta mas, além disso, nunca entendera por que sentiu-se motivado a criar uma identidade secreta. Bem, ele queria ser um herói. O problema é que os heróis só existem nos quadrinhos, filmes, filmes de quadrinhos e nas propagandas de quinta categoria.

Ele nunca passou por nenhum evento traumático, a vida era fácil, sem conflitos; normal, em suma. Os pais perfeitos na infância, poucos amigos, mas leais. Depois o trabalho, tranquilo. A contabilidade sempre foi algo tranquilo para ele, era bom com números. Gostava de falar com os clientes. Era feliz.

Mas sentia-se vazio. A vida parecia não ter sentido, então ele decidia tomar alguma iniciativa, alguma atitude que pudesse melhorar o mundo. Mas nunca conseguia ter uma ideia, os primeiros passos morriam antes de encostar o calcanhar na trilha. Mas achava que apenas ajudar as pessoas em geral era pouco, ele queria registrar o seu nome na história, queria fazer algo grande. Salvar vidas, fazer justiça com as próprias mãos. Afinal, é a ânsia de todo ser humano. Ser lembrado.

Mas ele era muito fraco. Tentou musculação e karatê, mas ficou apenas um mês em ambos, não; 25 dias na musculação e 19 no karatê. Não era muito esperto também, mas enfim, ele não era muita coisa, em suma.

Seus pensamentos foram interrompidos pelas batidas na porta. Devia ser algum cliente cobrando relatórios atrasados, como sempre. Foi atender a porta, lentamente. Ao olhar pelo olho mágico, viu que era Rodney Smith. Sentiu seu peito inflar-se com alguma esperança... mas depois lembrou que Ney não sabia que ele era S. I.; simulou um rosto convidativo e surpreso, depois abriu a porta:

“Olá...”, disse Smith enquanto tentava lembrar o nome do contador.

“Silas, Sr. Ney. Tudo bem?”

Enquanto o Detetive Smith entrava no pequeno apartamento que servia de escritório e dormitório para Silas, três vultos esgueiravam-se no corredor.

Por uma fração de segundo, podia-se imaginar que um dos vultos trazia em sua mão direita uma faca de sobrevivência tamanho grande com uma afiadíssima lâmina em aço anodizado, parte superior com serra dentilhada e cabo anti-deslizante com protetor de mão vazado...

Um comentário:

  1. foda :D (Amômino é uma besta, só deve ter lido Martes, é a cara dos Amôminos anônimos)

    nossa, eu também não tinha lido Obituário, nem comentei no Vermelho Ibérico
    mesmo quando tu escreve esse pouquinho as coisas andam bem demais... sempre se ligando nos outros capítulos e é meio engraçado também
    eu gosto de A51 (de Dolores e S.I. em especial)
    não acredito que ela tem um amigo chamado Pedro ._. o outro deve ser João

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