9.1.11

Carta aos Sobreviventes

A manha nasceu assim, em tom cinzento, e parece que não vai mudar nada durante os próximos dias, afinal de contas, estamos no inverno, há neve e corpos para todo lado, e não se arrisca sair de casa devido ao frio e a ameaça iminente, apenas em condições extremas, entretanto, todos tem o suficiente para sobreviver alguns poucos dias. Os caminhantes do sul trazem más notícias, desde que o confronto começou, tivemos muitas perdas, embora não acredite com todo o meu pouco conhecimento que nosso governo tenha tomado a decisão correta, ninguém poderia imaginar que teríamos uma resposta tão rápida do primeiro ataque.
O secretário de defesa nos assegurou que não éramos um alvo fácil, e que estaríamos invulneráveis devido à força de ataque comandada por nossa nação. Bem, aqui estamos, obtivemos resposta, e tal resposta não foi com bombas nucleares, nem mesmo ataques biológicos, nossos inimigos possuíam uma tecnologia até então conhecida, a nanotecnologia, mas, não poderíamos imaginar, que sua resposta fosse tão eficaz contra nossas armas de destruição de massa. Eles construíram máquinas destrutivas, robôs com inteligência artificial, e os colocaram aos serviços da população nos últimos cinco anos.
Fontes de segurança pública afirmam que parte de algumas das localizações geográficas de usinas, indústrias petrolíferas, e multinacionais, foram roubadas no mesmo ano em que as máquinas foram construídas. Até então, os fatos não tinham nenhuma ligação, ate descobrirem mais tarde que as máquinas foram construídas graças ao faturamento da venda de tais artigos, ou com o aproveitamento de determinados materiais ou elementos.
A imprensa não foi informada de tais acontecimentos, pelo menos não tão cedo. Mas no momento em que um homem foi encontrado morto em uma cidade do oriente, e identificado como antigo funcionário desta multinacional ao qual comprava tais mercadorias e riquezas naturais, descobriu-se o seguinte fato: só conseguiram identificar seu primeiro nome, porque o quiseram que descobrisse, pois não tinha nenhuma prova de origem do homem, apenas Thomas, os dentes foram arrancados, ate mesmo um dos olhos, apenas Thomas, o resto de sua identidade estava destruída pelo fogo. Um norte americano o encontrou, e ligou para a embaixada no local, eles disseram para ele tirar fotos do local e do corpo, anotar tudo o que visse, rostos, placas de veículos entre outros, pois, ele não estava em sua jurisdição como agente, então, o corpo poderia ser levado para lugares desconhecidos e o mistério não seria solucionado, e também não haveria uma investigação posterior para descobrir a relação do corpo com o caso dos robôs, e das armas nucleares, dos quais os norte americanos já desconfiavam.
Não houve tempo, era apenas isso que eles poderiam conseguir, logo após fazer o que lhe foi requerido, o agente até então desconhecido, desapareceu, como fumaça, não obtiveram mais contatos, não conseguiram sua localização, a ultima vez que foi visto, foi no deserto, próximo ao Egito, morto. Entretanto, os norte-americanos ficaram pouco tempo ansiosos, o ataque se iniciou dez dias depois da ultima vez que soube notícias do agente. A primeira cidade atingida foi Nova Jersey. Não precisou mais de nenhum ataque, o mal se infiltrou e pouco a pouco foram dizimadas cidades, populações, vilas, natureza, e o pior de tudo, ainda não acabou.
Há alguns dias que estou preso na fronteira da Venezuela com a Colômbia, esta frio, o ataque nuclear parece ter ocorrido em toda a Europa, na Ásia, África, e agora ouve-se notícias de que já chegaram na Austrália. Enfim, este é um relato de um sobrevivente aos ataque no Novo México, se estiverem a ler esta carta, quer dizer que encontraram tal ave, no qual precisei de suas patas para carregarem a mensagem.
Não sei quanto tempo ficarei vivo, os recursos estão escassos, pretendo chegar ao Brasil, mas, é difícil, é como andar em um nevoeiro, o planeta esta perdendo seu aquecimento, a guerra esta consumindo tudo, e as armas que consegui, muitas ainda não tenho o domínio necessário. Preciso de ajuda, se alguém puder, siga a ave de volta, ela sempre volta para o local de origem, ela é treinada, e já ia me esquecendo, se for andar com ela nos braços, coloque uma proteção, o animal é dócil, pelo menos se tornou assim, mas suas garras rasgam a pele humano com facilidade.
Meu nome é Sebastian, existem cópias em inglês e espanhol, junto a esta carta, caso tenham dificuldade em intrerpetá-la. Por favor, se apressem, se puderem, acredito que com os equipamentos que ando encontrando, poderemos encontrar uma saída.


Aos sobreviventes.








Por Ykaro Venâncio

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