17.6.10

Tatuagem

Caminho com dificuldade, admito, e essa admição que me iluminou. Mãos estranhas me puxam, e meus passos percorrem um zigue-zague. Desvios que meu cérebro não entende e meus pés obedecem.
Então olhos fechados me observam, escuros me cegam, e posso sentir a luz fria soprando em meu rosto.
As mesmas mãos estranhas me sobem, puxando-me pelos pulsos vermelhos, vermelhos do sangue que conta uma história de maravilhas.
Me apego pois é quente e confortável, mas o gelo queima no abandono e meus lábios racham e se abrem no grito negro que rompe minhas bochechas e artérias sob o meu pescoço.
Mas quando penso que acabou, encontro um rosto conhecido, que mudou com um inozado sorriso. Conhecido no meu espelho passado que me mostrava o presente. O de estar viva.
Aí o estalo, e reconheço uma daquelas que me puxava, me queimando confortavelmente. Opaca e intensamente me segando para mais uma vez tatear a tatuagem de sua pele repuxada e ruborizada.

Um comentário:

  1. Eu achei muito lindo
    Tão profundo, me dá até calafrios
    Um tanto dramático, mas caiu bem
    Gostei muito.

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