4.8.10

A Volta ao Mundo em Atlas, parte 04

Henry pensava no balão gigante todos os dias. Quando o vira pela primeira vez, aquilo logo lhe chamou a atenção. Será que tinha o mesmo gosto que seu avô?

Alguns dias se passaram, e a vida na propriedade de Ludovico era calma para o velho, e chata para os seus netos. Apenas Sophia conseguia se distrair, lendo alguns livros que trouxera de casa. Henry e Liliana tentavam brincar, mas seu avô não permitia que corressem pela casa ou fizessem bagunças.

- Sabe o que devíamos fazer? – perguntou Henry. – Devíamos viajar a bordo desse balão. Conhecer o mundo todo. O que me diz?
- Não acho uma boa idéia, Henry. Não quero zangar o vovô. – respondeu Liliana.
- Não vamos zangar ninguém. Venha, vamos encontrar o tal livro de balonismo dele.

Henry e Liliana vasculharam a biblioteca de seu avô. Nela havia livros dos mais diferentes lugares, diferentes línguas e gêneros. Sophia, que estava em seu quarto, ouvira o barulho e foi até o cômodo checar o que estava acontecendo.

- O que vocês dois estão fazendo na biblioteca? Não é o melhor lugar para brincadeiras… – disse a irmã mais velha.
- Não estamos brincando. Quero achar o livro de balonismo do vovô.
- Mas por que? Não vá me dizer que pretendes viajar naquele balão?
- Claro que sim! É a única coisa boa que tem para se fazer aqui, Sophia.
- Mas Henry, o vovô pediu para ficar-mos longe daquele balão…
- Vocês vem comigo ou vão me deixar ir sozinho? Olha que mesmo tendo apenas treze anos, eu vou!
- Ai, vamos encontrar logo esse livro para ver se você esquece um pouco…

Os três irmãos se puseram a procurar o tal livro de balonismo. Sophia se encantou com o acervo que seu avô tinha e ela nem conhecia. Havia clássicos da literatura internacional, de grandes romances a emocionantes aventuras e jornadas heróicas.

Liliana também se empolgou. Apesar de serem livros antigos, o que lhe chamava a atenção era a arte, as ilustrações e as belas capas de cada publicação. Dentre outros livros, numa prateleira, um deles gritava aos seus olhos. Era um livro de capa dourada, toda trabalhada, que mesmo na sombria biblioteca, brilhava divinamente.

- Henry, será que é aquele livro? – perguntou a caçula.
- Veja se é ele, oras… – disse Henry.

Liliana foi até o livro, mas a medida que se aproximava dele, sentia um aperto em seu coração, uma sensação esquisita, como se algo dissesse para não chegar perto.

Mas a menina tinha uma força de vontade tão grande quanto a de seu irmão, e foi se aproximando do livro. Ao tocar nele, quase sentiu uma tontura. O livro era pesado e aparentemente, muito nobre. Liliana passou trabalho para segurar o livro, que tinha muitas páginas e uma capa grossa.

A menina levou o livro até a mesa mais próxima e examinou sua capa. Nela, havia apenas escrita a palavra “Atlas”, em letras trabalhadas e aparentemente manuscritas.

- Henry, o que é “Atlas”?
- Atlas é um livro de mapas, de vários lugares do mundo. – respondeu Sophia.
- Olhem esse aqui! É muito bonito! – disse a caçula.
- Isso é bom! Guarde esse livro por que, se vamos dar uma volta ao mundo, precisamos de um atlas. – disse Henry. – agora continuem a procurar o livro de balonismo.

Sophie deixou o livro sobre a mesa e voltou às prateleiras. Porém, agora, o livro parecia chama-la. Toda vez que olhava para ele, sentia vontade de toca-lo, viajar por suas páginas. Mas tinha que encontrar o livro para seu irmão. Isso era o mais importante naquela hora.

- Achei! – gritou Sophia. – É esse livro?
- É esse sim! – disse Henry, logo indo pegar o livro que trazia a imagem de um balão semelhante ao de seu avô na capa. – Agora vou ler tudo para poder viajar! Vai ser uma grande aventura! preparem-se, minhas companheiras!

Henry logo saiu da biblioteca e foi correndo para seu quarto, levando o livro consigo. Sophia também escolhera um romance que lhe interessou, disse umas duas palavras à Liliana e também foi ao seu quarto para ler.

Apenas a caçula ficara na biblioteca, e mesmo que houvessem dezenas, talvez centenas de livros ali, parecia haver apenas um, o tal “Atlas”.

O livro dourado e imponente atraia seus olhos. Liliana quis aproximar-se dele novamente. Quando estava prestes a toca-lo…

Continua…

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